As Razões de Aristóteles 2 - A ciência como conhecimento das causas do ser

Após evocar a definição da ciência como hábito demonstrativo, Berti indica o segundo elemento constitutivo do conceito de ciência em Aristóteles: o conhecimento das causas do ser. Exploremos esta observação.

Em primeiro lugar, observe-se que não se trata de quaisquer tipos de causa. Não se pergunta pelas causas do parecer, nem do agir – somente as causas do ser. Obviamente, se a coisa a ser estudada for a aparência ou a ação, obviamente, se estudará a as causas que as fazem ser o que são (ou não ser o que não são).

Mas, quais seriam as causas do ser? A resposta aristotélica sobre este item também é sobremaneira conhecida. São as “quatro causas”, que hoje chamamos de formal, material, eficiente e final, e que Aristóteles denominou hylé (matéria), morphè (forma), arché (princípio) e telòs (fim).

Uma observação: as causas chamadas princípio e fim o são em relação ao movimento (kinesis) ou mudança (metábole). Para Aristóteles, toda coisa tem uma causa que desata o início do seu vir a ser, e outra que o encerra, quando o seu ser já está per-feito, completo. Por exemplo, o semear (ou a semente, a depender da perspectiva) é o princípio do movimento de “desenvolvimento” que leva à árvore. A forma-árvore, já plenamente constituída em todas as suas partes, é o “fim” do processo de desenvolvimento.

Outra observação: matéria e forma constitui a coisa considerada em si mesma. Numa primeira apreensão simplista, a estátua de bronze o é porque tem uma forma (estátua) e uma matéria (bronze).  



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