As Razões de Aristóteles 20 - O conhecimento dos princípios como cume da razão humana

O noûs aristotélico, enquanto conhecimento dos princípios, é a faculdade humana mais importante no tocante à aquisição do saber.

A razão demonstrativa (logós apodektikos) dela recebe a matéria-prima de seu processo de produção de conclusões.

A experiência (empiria) pode até a preparar, por meio do oferecimento de um conjunto alargado e comparado de casos particulares, que cria o ensejo para que o noûs possa irromper aqui e ali.

A sensação (aisthesis) é o próprio conhecimento dos particulares, cuja acumulação forma a experiência.

A imaginação (panthasia) pode até colaborar com a criação de hipóteses ou postulados, que ajuntados aos princípios desvelados noeticamente, ajudem a chegar a conclusões verdadeiras e, assim, se comprovem também como princípios verdadeiros, embora segundos.

Desta forma, todas estas faculdades dependem do noûs para a correta consecução de suas finalidades.

Sem ele, o lógos não entra em atuação.

Sem ele, a aisthesis nunca sai da quase total cegueira do conhecimento particular, pois que ele fornece a apreensão do universal.

Sem ele, a panthasia de nada serve ao conhecimento, pois sua utilidade para a ciência é supor princípios universais para completar o quadro oferecido pelo noûs.

Sem ele, por fim, a experiência se torna infrutífera, pois é ele que fornece à empiria o ideal ao qual ela aspira: se o noûs atinge aquilo que ocorre sempre (aei), a experiência ajunta aquilo que ocorre quase sempre, ou ao menos com frequência. (pollakos).


O noûs é, pois, o cume da razão humana, no acertado dizer de Enrico Berti.

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