Crítica da Razão Pura - Resumo - Introdução - III – A filosofia e a necessidade de uma ciência do conhecimento a priori


Certos conhecimentos puros se referem ao que está além de toda experiência possível.

Eles induzem nossos juízos a versar sobre coisas que estão além da experiência.

A Razão se ocupa de tais coisas [por exemplo, a existência de Deus, a imortalidade da alma, o livre-arbítrio], que são mais valiosas que as coisas que os fenômenos [da experiência] nos ensinam.

A Metafísica é a ciência que se ocupa destes problemas da Razão. [as demais ciências, que lidam com fenômenos, tratam de problemas da alçada do Entendimento].

A Metafísica quase sempre é dogmática, isto é, avança enunciando suas teses sem verificar antes a possibilidade de poder tratar daquilo que está se ocupando, sua capacidade para o assunto.

A Metafísica não tem segurança de seus alicerces. Mas há ciências de coisas não-empíricas que já trilham o caminho da certeza, como a Matemática (Aritmética e Geometria).

Quando se sai do campo da experiência, só uma contradição evidente e absurda nos faz deter a marca da pesquisa. Nada mais pode nos refutar.

Porém, como o modo de elaboração das teses metafísicas não costuma ser claro, dificilmente se nota contradições gritantes em seus discursos.

Assim, as ficções se tornam cautelosas, mas não deixam de ser ficções.

A Matemática lida com conceitos não empíricos, mas que são representáveis na Intuição empírica. [Isto é, se relacionam com a intuição sensível, com a experiência, de alguma maneira. Por exemplo, os números servem para contar ou medir coisas.]

Mas a Intuição com que a Matemática lida é a priori [ou seja, não este ou aquele fenômeno, mas as formas gerais da Experiência, que Kant chamará mais adiante de Intuições Puras: o Espaço e o Tempo].

Ao bater as asas e sentir a resistência do ar, a pomba supõe que voaria melhor no vácuo.
Platão abandonou o mundo sensível, que dava limites estreitos ao entendimento, e acreditou voar nas asas das Idéias pelo espaço vazio do entendimento puro.

A Razão constrói palácios sem averiguar se estão assentados. Depois, busca persuadir-se da solidez e rigor, com mil pretextos.

Grande parte da atividade da Razão, talvez a maior, é analisar conceitos e conhecimentos que ja se possui – esclarecer e explicar o que já foi pensado nos conceitos, mas de forma obscura.


Nesta atividade, descobre conceitos a priori – e pensa que os obteve sozinha, sem os conhecimentos que lhe foram dados [pelo conhecimento empírico, obtido pelo Entendimento aliado à Sensibilidade].  

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