Certos
conhecimentos puros se referem ao que está além de toda experiência
possível.
Eles
induzem nossos juízos a versar sobre coisas que estão além da
experiência.
A
Razão se ocupa de tais coisas [por exemplo, a existência de Deus, a
imortalidade da alma, o livre-arbítrio], que são mais valiosas que
as coisas que os fenômenos [da experiência] nos ensinam.
A Metafísica
é a ciência que se ocupa destes problemas da Razão. [as demais
ciências, que lidam com fenômenos, tratam de problemas da alçada
do Entendimento].
A Metafísica
quase sempre é dogmática, isto é, avança enunciando suas teses
sem verificar antes a possibilidade de poder tratar daquilo que está
se ocupando, sua capacidade para o assunto.
A Metafísica
não tem segurança de seus alicerces. Mas há ciências de coisas
não-empíricas que já trilham o caminho da certeza, como a
Matemática (Aritmética e Geometria).
Quando se
sai do campo da experiência, só uma contradição evidente e
absurda nos faz deter a marca da pesquisa. Nada mais pode nos
refutar.
Porém, como
o modo de elaboração das teses metafísicas não costuma ser claro,
dificilmente se nota contradições gritantes em seus discursos.
Assim, as
ficções se tornam cautelosas, mas não deixam de ser ficções.
A Matemática
lida com conceitos não empíricos, mas que são representáveis na
Intuição empírica. [Isto é, se relacionam com a intuição
sensível, com a experiência, de alguma maneira. Por exemplo, os
números servem para contar ou medir coisas.]
Mas a
Intuição com que a Matemática lida é a priori [ou seja, não este
ou aquele fenômeno, mas as formas gerais da Experiência, que Kant
chamará mais adiante de Intuições Puras: o Espaço e o Tempo].
Ao bater as
asas e sentir a resistência do ar, a pomba supõe que voaria melhor
no vácuo.
Platão
abandonou o mundo sensível, que dava limites estreitos ao
entendimento, e acreditou voar nas asas das Idéias pelo espaço
vazio do entendimento puro.
A Razão
constrói palácios sem averiguar se estão assentados. Depois,
busca persuadir-se da solidez e rigor, com mil pretextos.
Grande parte
da atividade da Razão, talvez a maior, é analisar conceitos e
conhecimentos que ja se possui – esclarecer e explicar o que já
foi pensado nos conceitos, mas de forma obscura.
Nesta
atividade, descobre conceitos a priori – e pensa que os obteve
sozinha, sem os conhecimentos que lhe foram dados [pelo conhecimento
empírico, obtido pelo Entendimento aliado à Sensibilidade].
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