O Caminho do Zen - Capítulo 3: O Budismo Mahayana

 3. O BUDISMO MAHAYANA


1. Cada vez que o Mahayana indica uma senda árida a galgar, o faz para que o indivíduo perceba a sua futilidade. 
1.1. Esforçar-se por libertar-se de maya é afirmar a sua realidade, e ainda, separá-lo do nirvana, e por a este como algo a alcançar. 
1.2. Para resolver esta dificuldade, Nagarjuna elaborou a Sunyavada ou doutrina do vazio, alicerçada na negação de todos as oposições, e do Madhyamika, ou caminho do meio, pois ‘não há nada a que aferrar-se’. 
1.2.1. “Não é vazia nem não-vazia; nem ambas, nem nenhuma; mas para designar, chame-se o Vazio”. 
2. Prajna, meditação, é ver que a forma é vazio. 
3. Karuna, compaixão, é ver que o vazio é forma. 
4. Nirvana (libertação) é samsara (prisão), e rupa (forma) é sunya (vazio). Os opostos se indistinguem.
4.1. Mas, embora o iluminado se confunda com as pessoas comuns, não se pode desistir do nirvana em favor da vida ordinária, como aquele que, igualando samsara ao nirvana, diz que até o erro e o crime são nirvana; pois, o deixar uma coisa intencionando outra já é um estado artificial, convencional, não natural. 
4.1.1. O nirvana é inalcançável porque não há o que alcançar-se. 
4.1.2. O iluminado é espontâneo sem tratar de sê-lo. não há nenhum eu que possa controlar o eu. 
5. Há outra palavra mais adequada que sunya para designar a realidade: é tathata, donde vem o inglês that, que significa exatamente ser-tal, ser-aí, ser-assim. 
6. O avatamsaka sutra, descreve a dharmadathu, reino de dharma, que os chineses recolhem em quatro níveis: coisas-fatos, princípio, não obstrução entre princípio e coisa, não obstrução entre coisas [espontaneidade, cada coisa surge de si, é tal, tathata, que difere do laissez-faire (deixa-ser) do capitalismo ocidental, pois não é um largar tudo, mas um andar sem mover as pernas com a mão]. 
7. O budista não pergunta o que há por baixo da rupa, como nós indagamos o que há por baixo da forma. 
7.1. A distinção budista não é matéria e forma, é espírito-forma. E a forma é a forma da mente. 
8. Tudo é mente, tudo é tudo. 
8.1. As coisas surgem na mente de modo não causal: a ilusão surge do vazio por não haver propósito. 
8.2. As consciências sensoriais se reduzem à mental, esta ao depósito, e este ao vazio.   

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