1. Os que sabem não falam, os que falam não sabem.
1.1. Chih-chih,
apontar diretamente.
1.2. Tun Wu em chinês, ou satori em japonÊs, despertar imediato.
1.3. Saraha:
se a verdade esta clara, porque meditar? Se não está, estamos a
medir trevas.
2. Seng Chao e o paradoxo da quietude mental: a lenha não se converte em cinza, os
planetas que giram não se movem, o passado não vai ao presente nem
este àquele: tudo está quieto em si.
3. A mente desperta responde sem
calcular.
4. O estilo do zen, aforismático e paradoxal, parece datar de Bodhidharma, como em seus
diálogos com o imperador, acerca da divulgação do budismo, e com
seu discípulo Hui-k’o que cortou o próprio braço.
4.1. O assim
chamado método zen segue o estilo destes diálogos de Bodhidharma,
objetivando desafios mentais para compreensão instantânea, como
certas classes de humor,
que só despertam risos se não precisarem ser explicadas.
5. É
falsa a interpretação de que o koan comunica um princípio budista
através de um símbolo. Ele transmite o ser-tal, a coisa mesma,
pretende ser indicação direta.
6. O satori não é a compreensão da
resposta de uma charada.
7. Hui-k’o: O sábio não se esforça/ o
ignorante está sujeito a si mesmo.
8. Hui-neng: não podeis
purificar a mente; ela já é clara, como tudo que existe, não
precisa ser polida como o espelho. Pensar em purificar-se é
contaminar-se com a pureza.
9. O despertar é para mentes agudas;
não se desperta passo a passo. Uma mente tal é como o espaço, que
tudo passa sem deixar rastro.
10. Hui-neng propõe contestarmos, a
quem nos pergunta sobre algo, com o seu contrário - ser e não ser,
sábio e tolo-, para que se descubra o caminho do meio.
11. Huai-jang,
polindo uma rocha até virar espelho, mostra ironicamente a um monge que não se
torna Buda meditando sentando.
12. Nai-chu’an: saber é interpretar
mal, e não saber ignorância. O tao está além: para quê por o bem
e o mal no céu vazio?
13.. Pó-chang parece ter organizado a
disciplina: dia sem trabalho, dia sem comida, a qual, diferente dos
nossos monastérios, é de livre entrada e saída, e pode-se
estacionar num degrau da ordem.
13.1. Respondeu uma vez: buscar a natureza
de Buda é como buscar um boi montado num boi.
14. O espírito zen
não é aquele que se afeta ou jacta de sua naturalidade. Não busca
fazer-se natural. 15. A expansão do zen, e os grandes monastérios,
forçou certa adaptação dos mestres.
15.1. Teve-se que criar tradições
para evitar distorções mais graves.
15.2. E, como no ocidente, teve-se
que preparar uma educação convencional, uma formação do caráter,
para jovens sem vocação para lá enviados, como os colégios
internos e os de jesuítas.
16. A grande solução do Zen para
enrijecer-se sem tornar-se convencional ou falsificado, dado o grande
número dos que pretendiam graus de mestre, foram os Koan.
16.1. O
inquirido deve demonstrar captar o sentido oculto deste, geralmente
de forma intuitiva, para ser aceito.
16.2. A escola soto taxa o koan de
artificialidade, embora a escola rinzai o aprove, dizendo ser o satori (iluminação) proporcional à dúvida.
16.3. A compreensão da resposta pode ser uma
pergunta melhor formulada.
17. A ida do budismo zen para o Japão, na
época do ditador Yoritomo fez surgir o Tao do samurai ou bushido.
Muitas escolas budistas se opuseram. Mas a idéia desta era a de que
o verdadeiro despertar é libertação de todas as convenções, mesmo
as morais, pois o budismo não reage a convenções, podendo
realizar-se mesmo num país guerreiro. Daí ele se espalhou para todas
as formas de vida japonesa.
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