CAPÍTULO 1 – A
dialética do energentismo imaginário. O mundo resistente.
“O trabalho é o
estudo do mundo exterior” (Emerson)
I
1. Na ordem da
matéria, sim e não se dizem mole e duro.
2. O duro
desperta a potência de si.
II
1. O psicólogo
diz que a resistência primária é social. Mas, se o mundo social é assim, na sua
energia, a resistência é material.
2. O psiquismo
tem fome de imagens.
2.1. Assim, além
de buscar, sob a imagem a realidade, cuide-se de, sobre a realidade, buscar a
positividade da imagem.
3. Para o
psicólogo, a fabulação é sempre secundária, e sempre visa esconder algo.
3.1. Mas, assim
que a mão toma parte na fabulação, que a imaginação atualiza suas imagens em
coisas, que as energias são postas numa obra, a ação se torna o nada da
infelicidade.
3.2. O problema
aí, então, é manter o dinamismo
4. A percussão
assentada (faca, precisão sem energia), lançada (talhe, energia sem precisão),
e assentada com percussor (talhe+martelo): força administrada.
4.1. Diferenciam-se
as mãos, senhor e escravo.
5. O animal não
consegue reagir a ataque duplo: cavaleiro e palafreneiro, duas mãos.
6. As duas mãos
virilizam o trabalho: o mole é feminino.
III
1. A dificuldade
psicanaliza, a facilidade infantiliza.
2. A escala de
dureza da matérua talvez seja a de maturidade.
2.1. Criança e
areia.
2.2 Jovem e
madeira.
2.3. Adulto e
pedra/ferro.
3. Forma
desbastada versus forma polida (paciência).
IV
1. O operário
sonha acordado, profundamente, e une imaginação e vontade.
2. Bergson
geometrizou, e esqueceu a temporalidade
das ferramentas (lenta, veloz, etc).
2.1. A
ferramenta dinamiza o trabalho, o gesto operário distingue-se do gesto livre.
2.2. E a forma é
pobre no sugerir tempos. A matéria é rica nisto.
3. Pólo intelectual
e voluntário: pensamentos claros e devaneios do poder.
4. O escultor
não visa só a finalidade da forma, mas da matéria dura.
4.1. Ele torna a
estátua cada vez mais parecida a si mesma.
5. A percepção
designa formas, é fenomenologia do para.
Falta uma dinamologia do contra
5.1. Tal
dinamologia seria uma espécie de gestaltismo dinâmico.
5.2. Talvez
nossa energia material seja fraca porque o móvel é superficial.
V
1. Atacar a
matéria como inimigo
2. O tamanqueiro
tem ser colérico e concentrado.
3. O trabalho
inverte a hostilidade. O ruído que irrita, já excita.
3.1. O operário
não se habitua a ele: é um dinamismo, não uma sonolência
4. A cólera
ironiza, provoca a matéria: vira literatura.
4.1. Produz até
metafísica, revelações do Ser.
4.2. Ação
falada.
5. Uma filosofia
das superfícies só verá brancura e frieza no mármore.
6. É por sua má
vontade que a matéria é vontade.
6.1.
Schopenhauer vê vontade obtusa irracional na matéria. Mas ela é síntese de
nossos primeiros fracassos, não primitividade.
6.2. Tal visão
não encontra lugar na oficina: a matéria condensa aí os sonhos da energia.
6.3. O
super-homem é o super-operário.
6.4. A ação
prolongada ensina mais do que a contemplação.
7. A filosofia
do contra deve ganhar da filosofia do para, pois designa a vida feliz.
8. É à natureza
toda que se vence numa matéria. E é a humanidade toda que vence.
9. O mundo ativo
é uma transcendência do Ser em repouso.
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