Ética e Moral: etimologia dos termos e significação moderna

As Noções de ética e moral


            A palavra ética se origina do grego ethos, que inicialmente designava a morada de uma família ou de um grupo, ou seja, nomeava uma comunidade. Com o tempo, passou a designar não ao grupo em si mesmo, mas aos costumes que o unificam e o distinguem dos demais. Mais adiante, deixou de significar meramente os hábitos e práticas, para qualificar positiva ou negativamente a conduta do homem em sociedade, no seu relaciomento intersubjetivo.
            A palavra moral possui carga etimológica semelhante. Derivada do latim mos, mores, denotou a princípio a morada, a casa, a terra, em seguida estendendo-se às normas consuetudinárias vigentes naquela comunidade, e por fim, ao caráter das ações praticadas pelo indivíduo perante seus semelhantes.      


            Ética e Moral são dois termos cujas significações hoje em dia praticamente se confundem. Algumas vezes se tentou estabelecer campos distintos de aplicação para os mesmos, mas estas não prevaleceram.
            Uma destas propostas, oriunda do filósofo alemão Immanuel Kant, seria a de considerar como moral tudo aquilo que fosse norma de comportamento de âmbito exclusivamente privado, ou seja, afeito à relação do indivíduo consigo mesmo e com sua família. Assim, seriam imorais o suicídio, violação da norma de respeito consigo mesmo, mas também o incesto, infração da regra de respeito à família. Em contrapartida, seria ético tudo o que se relacionasse ao comportamento do sujeito na esfera pública, de modo que a lesão ao concorrente, à pátria, ao vizinho, seriam consideradas anti-éticas. Esta significação, porém, não se universalizou, pois podemos muito bem utilizar a denominação de moral subjetiva e objetiva para estas duas esferas de comportamento, bem como qualificar de ético tudo o que abranger todo este domínio.
            Também não adianta recorrer ao critério etimológico, pela simples razão de que, se o sentido original da palavra é essencial, também o será a acepção atual da mesma, uma vez que as transformações conceituais nela ocorridas tiveram a sua razão histórica de ser. Assim, não serve qualificar de ético ou moral aquilo que é conforme aos costumes sociais, pois os próprios costumes podem ser questionados em sua imoralidade ou falta de ética, como a farra do boi e o jeitinho brasileiro.

            Deste modo, consideremos como ética a relação da ação humana com os valores fundamentais ao ser humano, concepção que não fecha a questão, ao contrário, abre o diálogo sobre quais são esses valores, e como eles podem ser realizados e defendidos por cada indivíduo no contexto histórico-cultural em questão. 

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