Marco Aurélio Cassidoro, contemporâneo de Boécio, apresenta uma classificação das ciências que, em seu tempo, era atribuída a Aristóteles. Ou seja, exibe o modo como a divisão aristotélica do saber era compreendida então.
De saída, desaparece a tripartição do saber: a Filosofia é dividida em Teorética (inspectiva) ou Prática (actualis).
A Filosofia Teorética era tripartida em Divina, Doutrinal e Natural.
A Filosofia Natural é a mesma que aparecerá em Aquino. Estudo das substâncias físicas.
A Filosofia Divina é o trato das coisas espirituais e das relativas a Deus.
A Filosofia Doutrinal é o estudo da quantidade enquanto categoria separada da substância, da matéria e de tudo o mais. Estudo da quantidade pura, o que hoje compreendemos como Matemáticas.
Todavia, o estudo da quantidade abrangia aritmética, geometria, música e astronomia, tais como aparecerão na versão final do Quadrivium.
Do outro lado da ponte, a Filosofia Prática também era tripartida em Moral, Dispensativa (ou Doméstica) e Civil.
A Moral trata do agir do sujeito para consigo mesmo.
A Dispensativa cuida do agir do sujeito em família.
A Civil cuida do agir do indivíduo fora da família (A noção da Cidade, grega e romana, havia desaparecido. E a noção moderna de sociedade não havia ainda aparecido).
Note-se que a Dispensativa ocupa o lugar da Economia (Oikos Nomos, governo da casa) no pensamento grego.
Veja-se também que a Filosofia Civil (Civitas) é o sucedâneo medieval da Filosofia Política (Polis), não obstante não se trate de uma genuína filosofia da cidade, nem do cidadão.
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