A metafísica vacilou até hoje por não ter pensado na pergunta: como são possíveis os juízos sintéticos a priori?
A salvação ou ruína depende da solução deste problema ou demonstração de sua impossibilidade.
Hume pretendeu ter alcançado a segunda. Analisou a proposição sintética da ligação do efeito com as causas, o princípio de causalidade, e supôs provar que tal proposição a priori era impossível.
Para ele, o que se diz causa provém da experiência e é afirmado pelo hábito, que lhe dá aparência de necessidade. Algo que se vê anteceder outra coisa, e que acreditamos que sempre a antecederá.
Se fosse assim, se destruiria toda a filosofia pura, mas também a matemática pura, também alicerçada em proposições sintéticas a priori.
Portanto, quem resolve este problema também poderá explicar como são possíveis a matemática pura e a física pura. E saberá se é possível uma metafísica pura.
Mesmo que a metafísica não possar ser uma ciência, permanecerá como disposição natural do homem (metaphysica naturalis), por exigências internas da razão.
Em todos os homens, desde que a razão esteja acima da especulação, haverá uma metafísica.
Assim, além de perguntar se ela é possível como ciência, se indagará: como é possível a metafísica enquanto disposição natural? Como suas questões surgem da natureza da razão humana em geral?
A crítica da razão conduz à ciência, enquanto o seu uso dogmático conduz a pares de afirmações contrárias e igualmente plausíveis e, com isto, ao ceticismo.
A crítica da razão é uma preliminar analítica à autêntica metafísica, que deverá alargar o campo do nosso conhecimento a priori.
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