4. Em Kant, a aspiração ao Absoluto
é ainda questão do sujeito; não existe um objeto absoluto que excite a
especulação. A razão é que parte para o incondicionado, mas não o alcança. A
razão crê estar pensando o seu próprio objeto, mas pensa o vazio.
4.1. Nas famosas antinomias da
Razão de Kant, há o uso da forma como objeto; nos Paralogismos, o sujeito como
transcendente. Se Kant deduzisse as categorias do próprio Pensar estaria
autorizado a pensar objetos não empíricos; mas deduz do sujeito limitado, onde
estão matéria e forma.
4.2. A lógica dialética, ao
contrário, começa por eliminar o sujeito. Identifica pensar e pensável, não
sujeito e objeto. Nem sujeito transcendente, como no paralogismo, nem objeto
incondicionado, como nas antinomias. O paralogismo eleva a categoria de
substancia à entificação. A antonímia eleva a categoria da causalidade ao
incondicionado.
4.3. Para Hegel, as contradições
da razão são importantes em Kant, mas deslocadas para o sujeito, visto que no
objeto (para Kant) não pode haver contradições; a essência da razão é que seria
contraditória ao pensar o mundo, não o mundo em si mesmo.
4.4. Para Hegel, a atitude de
Kant implica a mesma posição da metafísica clássica, na qual introduzir
contradição nas coisas é eliminá-las, enquanto o sujeito pensante não perde a
existência por pensar contradições.
4.5. Hegel, contrariamente,
afirma a contradição das próprias coisas; é porque elas assim o são que a razão
pode pensar a contradição.
4.5.1. A contradição está nas
coisas, não enquanto pensadas no plano do fenômeno, mas enquanto pensadas no
plano do absoluto. Coisas finitas não podem tê-lo.
4.5.2. Como coisa que traz a sua
negação, como totalidade em movimento, as coisas não só podem como têm que ser
pensadas na contradição. A razão (e não o entendimento) é o lugar de as pensar.
4.6. Não só Deus ou o “Eu penso”
podem suportar a contradição, mas é ela própria essência da realidade enquanto
pensada, no movimento interno de sua própria negação.
4.7. Para Hegel, pôr as
contradições do lado da razão e salvar uma possível coerência do mundo é
acentuar o dualismo. A contradição é conatural ao ser enquanto inteligível, e
ao pensar enquanto o que intelige.
4.8. Para Kant, há dois sentidos
para razão; razão em geral, que abrange o entendimento, faculdade de pensar, e em sentido restrito, como Faculdade de pensar
o infinito, o absoluto (distinta do Entendimento, que só pensa o finito). Isto
é fruto do seu dualismo externo, que separa o entendimento.
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