Esta máxima de Cezanne nos coloca diante de um dilema fundamental da vida: até que ponto devemos nos guiar a partir do que nos foi legado pela Tradição? E em que medida devemos nos guiar pela experiência direta?
É uma difícil questão. Primeiro, porque a Tradição, dentre outras coisas, pode nos legar inclusive modos e meios adequados para acercar-se de uma apreensão radical e genuína do real.
Segundo, porque até mesmo o nosso olhar para a vida, mesmo irrefletido, mesmo não premeditado, está cheio de Tradição, cheio de regras implícitas que formam a carne do nosso sentir, desde quando mergulhamos no conhecimento do mundo.
Olhar a árvore ou a floresta? Observar à noite ou de dia? O olhar paciente, ou a vista de relance? O olhar panorâmico ou a visão meticulosa?
Muitas vezes, nossos olhos são os olhos da cultura.
E até mesmo quando abandonamos certos modos de experimentar o mundo, costumamos cambiar para outras vias já bem sulcadas pela tradição.
Raro é o indivíduo que consegue desenvolver um olhar próprio sobre o mundo.
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