Uma
outra importantíssima consequência, para Aristóteles, da proibição da metábase
entre ciências pertencentes a gêneros diferentes, é a seguinte: toda ciência
demonstrativa é particular.
Não
é preciso muito esforço para compreender esta afirmação. Demonstrar é sempre
concluir a partir de princípios. Os princípios são mais gerais e mais
conhecidos que as conclusões. Logo (e isto é uma conclusa), as conclusões são
mais particulares.
Concluir
é acabar na coisa investigada. Investigar é partir da realidade em geral, de
uma verdade geral aceita.
Assim,
demonstrar é particularizar. Quando uma demonstração parece ser a extração de
um princípio mais geral, na verdade se está diante de uma verificação
retrospectiva: o raciocínio hipotético já se fez antes. E sempre antes de algo
que se quer demonstrar ser causa ou princípio de algo particular, há um
princípio mais geral ainda.
Não
é possível, pois, haver uma ciência demonstrativa do universal. Afinal, se
possível fosse, seria o caso de se tirar conclusões mais gerais de premissas
mais particulares. Na asa de um mosquito está todo o universo, é verdade. Mas
não porque ela seja premissa da qual o universo seja conclusão, e sim porque a
asa de mosquito é um texto, um discurso complexo e conclusivo que pode ser destrinchado
em uma série quase infindável de premissas fundamentais: o universo.
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