Viu-se
que o tempo, em sua unidade desarticulada, é aquilo que bane o Dasein ou ser-aí
da proximidade do ente na totalidade, por ocasião do tédio profundo. É ele quem
impele o Dasein para a sua nudez enregelante, na qual, despido de tudo aquilo
que ele veste ao imergir no mundo.
Porém,
se é assim, o tempo não assumirá um caráter meramente negativo em face do
ser-aí. Ao contrário, ao desnudar o ser-aí recusando-lhe o ente na totalidade,
eis que o tempo encaminha o Dasein para junto de seu si-próprio, de sua
realidade mais autêntica.
É
por isto que Heidegger mostrará o tempo como ápice possibilitador. O que ele possibilita e libera, dando a
conhecer, é precisamente “a liberdade do ser-aí, mas que só é em meio ao libertar-se
do ser-aí por si mesmo, por ser sempre e a cada vez o determinado em meio ao
ente, por ser o que lhe foi dado”.
Em
outras palavras, esta nudez é liberdade originária e originante, caso o ser-aí
a assuma como tal, e não corra a se cobrir de ocupações e modos derivados de
ser, sem uma assunção primeira e radical de suas possibilidades.
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