Além
do caráter demonstrativo habitual e da procura das causas do ser, uma terceira
característica identifica a episteme para
Aristóteles: a necessidade das conclusões. Mas, o que significa isto?
A
princípio, poder-se-ia pensar que se trata de uma necessidade de haver conclusões. De fato, a ciência precisa de que
conclusões sejam tiradas de premissas. Um saber que consista unicamente em
apreensão direta de premissas não seria ciência, para Aristóteles. Uma ciência
não se faz unicamente de postulados: começa por eles.
O
verdadeiro objetivo da ciência é obter novos conhecimentos a partir daqueles
que se postula. Se Euclides tivesse se adstringido unicamente aos seus
postulados e axiomas, não teria feito geometria.
No máximo, teria feito uma filosofia das figuras espaciais, uma ontologia da
espacialidade. Mais elucidativos do que suas premissas (por exemplo, a de que
por um ponto passam infinitas retas) foram suas teses (por exemplo, a de que a
soma dos ângulos internos de um triângulo equivale a dois ângulos retos).
É
justamente no fato de que as conclusões decorrem necessariamente das premissas
que reside a força da ciência para Aristóteles. Necessidade das conclusões
significa, assim, a impossibilidade de que aquela proposição conclusiva não
decorra daqueloutra proposição inicial. É necessário que seja assim.
Mas,
e por que não se diz, então, necessidade das conclusões e dos princípios? Porque, na definição de princípio, já está a
idéia de ponto de partida necessário.
Um princípio não necessário seria um princípio que ou não pode ser fixado ou
que precisa ser fixado a partir de outra coisa.
Porém,
como diz Aristóteles na Física, “ou tudo é princípio, ou decorre de um
princípio”. E isto complementa outra idéia que ele apresentou na Ética a
Nicômaco: “não se demonstra os princípios, pois é insensato querer dar
demonstração de tudo, já que demonstrar é concluir por princípios”.
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