Das
teses aristotélicas sobre a ciência, certamente a mais impactante à mente de um
contemporâneo é aquele que advoga só haver ciência do que é eterno.
Numa
primeira mirada, eis que, para alguns, o campo do cientificamente cognoscível
se restringiria exacerbadamente; para outros, adeptos de cosmovisões
impermanentistas do tipo “tudo passa”, não sobraria mais nada à frente do olhar
perquiridor do cientista.
Todavia,
esta angústia logo se dissipa quando se medita um pouco sobre o que deve ser
eterno na ciência. Obviamente, não se trata deste triângulo aqui, desenhado no
papel, na areia ou na tela do computador; estes, evidentemente, surgem e
desaparecem, com maior ou menor brevidade.
Tais
triângulos concretos são marcados pela não-necessidade, pela contingência: não
faria falta alguma ao mundo que eles nunca tivessem sido construídos ou
desenhados.
Contudo,
a relação entre os ângulos internos do triângulo e o limite necessário de sua
soma no campo da geometria euclidiana: eis algo que não pode ser abolido sem
que se suprima, ao mesmo tempo, a geometria que neles assenta.
Trata-se,
pois, não se uma eternidade dos entes, mas das relações, dos nexos categoriais entre os entes. Outro não era o
programa da ciência moderna clássica, na versão galilaico-newtoniana.
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