As Razões de Aristóteles 4 - A eternidade dos nexos ontológicos da ciência

Das teses aristotélicas sobre a ciência, certamente a mais impactante à mente de um contemporâneo é aquele que advoga só haver ciência do que é eterno.

Numa primeira mirada, eis que, para alguns, o campo do cientificamente cognoscível se restringiria exacerbadamente; para outros, adeptos de cosmovisões impermanentistas do tipo “tudo passa”, não sobraria mais nada à frente do olhar perquiridor do cientista.

Todavia, esta angústia logo se dissipa quando se medita um pouco sobre o que deve ser eterno na ciência. Obviamente, não se trata deste triângulo aqui, desenhado no papel, na areia ou na tela do computador; estes, evidentemente, surgem e desaparecem, com maior ou menor brevidade.

Tais triângulos concretos são marcados pela não-necessidade, pela contingência: não faria falta alguma ao mundo que eles nunca tivessem sido construídos ou desenhados.

Contudo, a relação entre os ângulos internos do triângulo e o limite necessário de sua soma no campo da geometria euclidiana: eis algo que não pode ser abolido sem que se suprima, ao mesmo tempo, a geometria que neles assenta.

Trata-se, pois, não se uma eternidade dos entes, mas das relações, dos nexos categoriais entre os entes. Outro não era o programa da ciência moderna clássica, na versão galilaico-newtoniana.


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