A
ciência apodítica é aquela que procede por meio de demonstrações. Na
demonstração, há um aspecto que nem sempre salta aos olhos: demonstrar é sempre
mostrar algo alguém – nem que seja a si mesmo. Logo, se trata de um esclarecer,
de um explicar, de modo que a arte da demonstração e, por tabela, as ciências
que dela se ocupam e se servem, podem muito bem possuir inestimável valia no
campo do ensino.
Quem
demonstra mostra. Quem mostra faz com que passe a ver algo aquele que antes não
o via. Ensinar é fazer com que se veja algo que antes não se via. Logo, ensinar
é mostrar. E, portanto, quem demonstra ensina.
Essa
demostração exemplificativa acima aponta para o caminho que a didática pode
percorrer com base na demonstração. O mestre pode começar por axiomas, verdades
reconhecidas pelo aluno, para fazer com que ele chegue a conclusões novas, a
conhecimentos que ela não possuía.
Porém,
a demonstração pode seguir a via da retrospecção. Escolhe-se um efeito ou
consequência conhecido pelo aluno: por exemplo, o ficar gripado. Daí,
apresenta-se o conjunto de premissas biológicas necessárias e suficientes para
que aquela conclusão seja verdadeira.
Nesta
perspectiva, ensinar pode ser mostrar conclusões a partir de premissas, e
mostrar ao aluno premissas que ele não conhecia para conclusões que ele já
partilhava com os outros.
Na
via ordinária, é mais fácil começar pelas conclusões que pelos princípios: o
ajudante de pedreiro sabe que deve colocar cal na massa; o mestre de obras sabe
a quantidade e o motivo; o engenheiro sabe o que é a cal e porque ela faz o que
faz.
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