Conceitos Fundamentais da Metafísica 3a Forma do Tédio - A Unidade desarticulada do tempo que se retrai no banimento

Se, na primeira forma do tédio, a retração do tempo se mostra como hesitação, e a segunda se exibe como estagnação, no tédio profundo, como se viu, ela se apresenta como completa implosão da situação.
Isto poderia sugerir que, neste modo do tédio, o tempo colapsado se configurasse como uma duração coagulada, como um grande agora dilatado, como uma completa indistinção de passado, presente e futuro, uma pura escuta do horizonte temporal incógnito do ente que se recusa na totalidade.
No entanto, a permanência nesta temporalidade dilatada é característica da segunda forma do tédio. Ela equivale à estagnação, já estudada anteriormente. No tédio profundo, ao contrário, até mesmo a permanência na estagnação é recusada: há um banimento, que expele o ser-aí da proximidade do ente na totalidade, e o impele para junto de suas possibilidades mais originárias, da sua nudez mais radical.
Este banimento, como se viu no texto precedente, mostra a unidade desarticulada do tempo que se recusa. Mas, por que isto acontece? A resposta se encontra no seguinte fato: como o ente se retrai, na totalidade, eis que nada resta a considerar, nada resta a ser mirado em seu aspecto, nada resta a antecipar intencionalmente. Sem consideração, aspecto e intuição, o tempo não tem  articulação.
Porém, mesmo desarticulado, o tempo permanece como unitário. Afinal, ele é aquele horizonte que toca friamente o ser-aí em sua nudez, na desorganização da temporalidade triplamente articulada de passado, presente e futuro.  Obviamente, a unidade desarticulada do tempo, na implosão da situação, apontam fenomenologicamente para o instante, no qual sucede a decisão do ser-aí, como se verá nos estudos seguintes.




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