Na
Introdução de sua obra, Bornheim arrola de saída duas características da
Filosofia.
A
primeira delas é o olhar questionador, que ela dirige a toda a realidade.
A
segunda é a guarda do conceito, o cuidado em sua elaboração e conservação.
Obviamente,
elaborar um conceito não é como fabricar uma resposta pronta, produzir um
discurso já decidido de antemão. E conservá-lo não significa congelá-lo em um
museu, petrificá-lo em sua expressão inicial.
Guarda-se
um conceito na questão, que sempre o
acossa e o aborda de maneiras sempre novas, tornando-o palpitante e capaz de
ressoar a cada novo aspecto da realidade que se descortine, e a cada criação da
cultura que se apresente.
Por
isto, a filosofia se caracteriza por uma visceral historicidade, mas não no
sentido extrínseco de que cada sistema filosófico enche uma página ou capítulo
da história da filosofia, ou se localiza num período ou século identificável.
A
filosofia é histórica porque cada criação pensante que a realiza instaura uma
nova temporalidade, uma nova fonte de acontecimento e de devir, um novo fio na
trama inextrincável da História.
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