Após
evocar a definição da ciência como hábito demonstrativo, Berti indica o segundo
elemento constitutivo do conceito de ciência em Aristóteles: o conhecimento das
causas do ser. Exploremos esta observação.
Em
primeiro lugar, observe-se que não se trata de quaisquer tipos de causa. Não se
pergunta pelas causas do parecer, nem do agir – somente as causas do ser.
Obviamente, se a coisa a ser estudada for a aparência ou a ação, obviamente, se
estudará a as causas que as fazem ser o que são (ou não ser o que não são).
Mas,
quais seriam as causas do ser? A resposta aristotélica sobre este item também é
sobremaneira conhecida. São as “quatro causas”, que hoje chamamos de formal, material, eficiente e final, e
que Aristóteles denominou hylé (matéria),
morphè (forma), arché (princípio) e telòs
(fim).
Uma
observação: as causas chamadas princípio e
fim o são em relação ao movimento (kinesis) ou mudança (metábole). Para Aristóteles, toda coisa
tem uma causa que desata o início do seu vir a ser, e outra que o encerra,
quando o seu ser já está per-feito, completo. Por exemplo, o semear (ou a
semente, a depender da perspectiva) é o princípio do movimento de
“desenvolvimento” que leva à árvore. A forma-árvore, já plenamente constituída
em todas as suas partes, é o “fim” do processo de desenvolvimento.
Outra
observação: matéria e forma constitui a coisa considerada em si mesma. Numa
primeira apreensão simplista, a estátua de bronze o é porque tem uma forma
(estátua) e uma matéria (bronze).
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