O
noûs aristotélico, enquanto
conhecimento dos princípios, é a faculdade humana mais importante no tocante à
aquisição do saber.
A
razão demonstrativa (logós apodektikos) dela recebe a matéria-prima
de seu processo de produção de conclusões.
A
experiência (empiria) pode até a
preparar, por meio do oferecimento de um conjunto alargado e comparado de casos
particulares, que cria o ensejo para que o noûs
possa irromper aqui e ali.
A
sensação (aisthesis) é o próprio
conhecimento dos particulares, cuja acumulação forma a experiência.
A
imaginação (panthasia) pode até
colaborar com a criação de hipóteses ou postulados, que ajuntados aos
princípios desvelados noeticamente, ajudem a chegar a conclusões verdadeiras e,
assim, se comprovem também como princípios verdadeiros, embora segundos.
Desta
forma, todas estas faculdades dependem do noûs
para a correta consecução de suas finalidades.
Sem
ele, o lógos não entra em atuação.
Sem
ele, a aisthesis nunca sai da quase total cegueira do conhecimento particular,
pois que ele fornece a apreensão do universal.
Sem
ele, a panthasia de nada serve ao conhecimento, pois sua utilidade para a
ciência é supor princípios universais para completar o quadro oferecido pelo noûs.
Sem
ele, por fim, a experiência se torna infrutífera, pois é ele que fornece à empiria o ideal ao qual ela aspira: se o
noûs atinge aquilo que ocorre sempre
(aei), a experiência ajunta aquilo
que ocorre quase sempre, ou ao menos com frequência. (pollakos).
O
noûs é, pois, o cume da razão humana,
no acertado dizer de Enrico Berti.
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