As Razões de Aristóteles 14 - A ciência não-apodítica como ciência dos principios

A ciência não apodítica, como se viu no estudo precedente, não procede por meio de demonstrações. 

Ela não efetua conclusões a partir de premissas. Porém, como ela se comporta diante das premissas e 
conclusões da ciência apodítica, da razão demonstrativa?

No que foi dito, já se antecipa o essencial para esta resposta. Se a ciência não apodítica, ou inteligência, não cuida de obter conclusões, ela só pode cuidar daquilo que, na ciência apodítica, corresponde às premissas. E se ela não efetua demonstrações, ela só pode apreender, evidentemente, aquilo que é indemonstrável: as premissas, as bases de toda e qualquer demonstração.

Com isto, aliás, se resolve uma lacuna gnoseológica importante: ora, se as conclusões advém das premissas, estas de onde adviriam? Ainda que eventualmente provenham de um mestre aqui presente ou da tradição (já que parte delas consiste em verdades nobres ou axiomas), elas foram descobertas algum dia. E não o foram por demonstração, uma vez que não são conclusões.


Assim, o noûs fornece ao lógos apodektikos o arcabouço de princípios a partir do qual ele efetuará a extração de conclusões (e de refutações, que são demonstrações ao contrário, comprovações da inverdade de conclusões defendidas por outrem). 

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