Após
apresentar a perspectiva redutora do positivismo e do neopositivismo acerca da
Filosofia e sua tarefa, Reale pondera:
“À
primeira vista, parece acertado dizer-se que a missão da filosofia seja receber
os resultados das ciências e coordená-los em uma unidade nova”.
Porém,
ele apresenta, em seguida, uma série de questionamentos importantes: com que
critérios se fará a síntese destes saberes? Será esta síntese possível? Será
necessária? Graças a que faculdade sintetizadora do espírito humano? Em que limites
ou sob quais condições?
A
partir de tais indagações, ele reflete: para resumir resultados, é necessário
ter um critério ou valor seletivo, sem o que só se faria repetir, ou elaborar
índices científicos. Filosofia é, pois, crítica das ciências.
Com
isto, ele chega a um conceito magistral de filosofia: “A filosofia seria o
saber da compreensão total segundo critérios unos”.
Nesta
enunciação, destacam-se os seguintes elementos:
a)
Saber autêntico, e não mero esclarecimento adjetivo de saberes outros. Neste
sentido, é interessante relembrar uma genial afirmação de Ramsey: ainda que se
reduzisse a filosofia à clarificação de proposições, ela seria distinta da
ciência. Só se clarifica uma proposição por meio de outra. Clarificar é tornar
compreensível uma proposição obscura através de outra, mais clara.
b)
Compreensão total – ao contrário das compreensões cada vez mais especializadas
da ciência, do seu saber cada vez mais sobre cada vez menos, do seu tender ao
saber-tudo sobre nada, a Filosofia procura uma compreensão total, que não
consiste num conteúdo universal, mas num sentido transversal que perpassa os
conteúdos plurais e os integra numa rede de articulações, como saberes que
podem conversar entre si.
c)
Critérios unos – cada ciência tem seus critérios. A filosofia só se coloca ao
lado delas se possuir um critério que delas difira, sem decair na
especificidade, o que lhe tornaria uma ciência ao lado de outras.
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