Após
apresentar a sua concepção de filosofia, recusando-se a admitir a proposta
reducionista do positivismo e do neopositivismo, eis que Reale passa à crítica
destas ideologias, destas epistemologias, destas formas de pensamento.
Assim,
ele começa dizendo que um dos propósitos filosóficos fundamentais não é a
síntese irrealizável das ciências, querida pelos positivistas, mas a
compreensão unitária das ciências, como já preceituava o velho Aristóteles:
saber de certas causas e princípios (não todos), embora universais.
Para
Husserl, inclusive, tal saber unitário só é possível superando-se a visão
fragmentária da realidade, própria do positivismo, uma das razões para aquilo
que ele chamou de “crise das ciências européias”.
Prossegue
Reale: a falha positivista já começa quando se pensa sintetizar as ciências
partindo-se dos seus resultados finais prontos, pois faltaria aí o critério de
certeza.
Ademais,
recorda o mestre brasileiro, a filosofia tem por cerne a questão do valor. E a própria verdade é um valor, cuja
identificação ou atribuição aos conhecimentos se chama verificação.
Com
isto, Reale investe crítica e ironicamente contra uma consagrada tese
neopositivista, e ratifica: a própria afirmação de que só são verdadeiras as
proposições analíticas ou as proposições sintéticas verificadas é, em si mesma,
uma proposição sintética. E não foi verificada. (Na verdade, nem pode ser, pois
é impossível verificar todas as proposições analíticas e sintéticas para dar
conta dela).
Portanto,
conclui Reale, há algo cuja validade é suposta antes da indagação científica,
como transcendental ao próprio processo experimental.
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