Da
análise do fenômeno do banimento,
forma mais aguçada da serenidade vazia, traço característico do tédio mais
profundo, surge uma importante questão: mesmo que a palavra seja tomada em estrita
acepção fenomenológica, o banimento implica uma ‘ação’ de banir, um ‘lócus’ do
qual se bane, e um ‘lócus’ em direção ao qual se bane.
O
‘lugar’ do qual o ser-aí é banido é mais do que claro: é a proximidade do ente
na totalidade. Mas, “quem” é que bane o ser-aí? O que é que faz com que o ente
na totalidade se recuse? Resposta: o próprio tempo, enquanto horizonte, já que
é justamente na desarticulação de sua unidade tripla que o ente se recusa, já
que é na implosão do instante que tudo se nega a consideração, aspecto e
intuito, já que é na retração do tempo que a o ser-aí se desnuda em face do
vazio.
Falta,
porém, a última pergunta: em que direção o tempo bane o ser-aí? A resposta
também já foi prelineada nos textos anteriores: para junto da possibilitação
mais originária do ser-aí. Ao desnudar o Dasein de sua ‘imersão’ na totalidade
do ente, de seu estar-lançado no mundo, o tempo desarticulado possibilita que,
nesta nudez, o Dasein pela primeira vez, toque o fundo de suas possibilidades
mais autênticas, aquilo que ele pode ser e dever ser.
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